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sábado, 24 de março de 2012

“O QUE NOS FAZ HISTORIADORES”.

Daniel de Sá Aguiar*



Inicialmente devemos perceber a amplitude do tema proposto que nos poderá levar para várias veredas e até nos perder se tivermos o objetivo de direcionarmos nosso texto para uma análise mais objetiva ou poderemos enveredar por este caminho se tivermos a pretensão de uma linguagem mais técnica trançando um rol de critérios ligados a academia para dizer que são os historiadores, isto é, termos o aval e respaldo de uma instituição que nos referende como tal e para esta atividade há a necessidade de adquirirmos uma bagagem teórica, lendo vários autores e fazendo uma pesquisa que será o exercício da teoria e prática onde dentro dos critério da ciência e da instituição pela qual estamos vinculados, apresentamos e dada a aprovação somos historiadores ou não pois se pensarmos em historiadores como profissão regulamentada pelas leis já que estamos neste momento  tratando do historiador a partir das orientações legais. Tendo em vista que se encontra no legislativo federal o projeto de leis de trata da regulamentação da profissão de historiador.
Se tomarmos o tema como do ponto de vista mais subjetivo faremos aqui um estudo da preocupação de filósofos da antiguidade como Aristóteles em sua obra poética escreveu:

(...) não difere o historiador e o poeta por escreverem versos e prosa(...), diferem, sim, em que diz um as coisas que sucedem, e outro as coisas que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois reflete aquela principalmente o universal, e esta o particular. [1]   

            A arte da escrita aproxima o historiador do poeta, mas que o filosofo quis mostra é uma certa finalidade da escrita tendo em vista que o historiador possui uma preocupação com a realidade da qual ele escreve e o poeta possui ma escrita mais livre e pode vagar pela imaginação e escrever várias situações possíveis, onde os historiador “controlado” pela realidade possui poucas opções de falar.
            Tendo em vista uma visão subjetiva há proximidade entre os historiadores e poetas na medida em que só os estudo acadêmico e as regras de uma instituição não são capazes de fazer um bom historiador, pois tanto o poeta como os historiador dever ter um olhar diferenciado diante da realidade, da sociedade e das questões que os envolve e a sensibilidade é um mecanismo essencial para ambos dada a necessidade de percepção aguçada para a investigação, escrita e apresentação dos seus trabalhos.
            E sabemos que na antiguidade e idade média não temos a ciência como temos hoje e é com o iluminismo no século XVIII que vai dar a grande contribuição do desenvolvimento da história como disciplina ao Iluminismo, na medida em que este ofereceu, entre outros aspectos, um quadro conceitual associado a um processo lento mas firme na direção da separação entre esferas do pensamento religioso e não religioso. [2]     
            Parti daqui vamos ter uma escrita mais controlada, isto é, os métodos e princípios da ciência vai distanciar os historiadores dos poetas, mas não muito extremado estão,  pois o poeta faz a sua interpretação do mundo que o cerca e o historiador do mundo e dos documentos que ele se atem para sua pesquisa  e por mais criteriosa que seja uma análise documental a escrita da interpretação documental trará uma carga subjetiva que o aproxima dos poetas.

Dessa maneira concebidas historiografia e narrativa de ficção são formas de conhecimento do mundo, em sua temporalidade, o que levaria a contestar tanto as noções puramente estéticas da literatura, quanto à idéia da escrita da história como discurso cientifico de natureza oposta á narrativa. [3]  

Neste sentido o que também nos fazem historiadores é as forma de conhecimento de mundo e a expressão deste conhecimento em uma narrativa em que a história e literatura não podem se dizer portadoras da verdade e neste ser sensível a possibilidade de verdades que se faz um historiador.
Enxergar o micro, perceber sentimentos, os conflitos, as tramas,  perceber o cheiro e andar entre as ruas ou as matas de um lugar distante que não existe mais e que se quer construir com sua caneta para que qualquer pessoa possam fazer esse mesmo passeio são atribuições de  historiadores e poetas.
Esta percepção de cão farejador, o olhar de uma águia e a perspicácia de luz em entrar em todos os espaço para clarear os ambientes e trazer a tona o que se encontrava escondido são características que nos fazem historiadores. Pois um amontoado de citações em um trabalho ou este ser aceito por uma universidade bem conceituada, necessariamente não quer dizer que temos feito um bom historiador.
Ou simplesmente fazer-se historiador é uma relação de amor como afirmou Lucien Febvre:

Amo a História. Se não a amasse não seria historiador. Fazer a vida em duas: consagrar um à profissão, cumprida sem amor; reservar a outra à satisfação das necessidades profundas- algo de abominável quando a profissão que se escolheu é uma profissão de inteligência. Amo a história – e é por isso que estou feliz por vos fala, hoje daquilo que amo.[4]
           
           
Toda uma carga sentimental e poética se encontra no discurso de Febre onde o ser historiador não se encontra em uma atitude mecânica e sim um espaço do prazer de se relacionar como a própria história e com aquele que a que conhecer. O  historiador não é um operário em uma linha de montagem fordista onde deve montar e remontar o passado de forma agradar os que possuem um certo  poder para interferir na dinâmica da fábrica.  O historiado é o viajante quase sem destino, pois a sua investigação pode lhe lavar para diversos caminhos de inteligibilidade do passado.
A relação com a história segundo Eric Hobsbawm vem ficando mais distante e assim os  motivos mais “gostosos” que nos fazem historiadores estão ficando cada vez mais distantes dos jovens e os historiadores possuem uma responsabilidade no sentido de enxergar que:      

A destruição do passado — ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas — é um dos fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem. Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que outros esquecem, tomam-se mais importantes que nunca no fim do segundo milênio. Por esse mesmo motivo, porém, eles têm de ser mais que simples cronistas, memorialistas e compiladores.[5]
           
             O que nos faz historiador é também possuir a responsabilidade não deixar que as referências de identidade, de atitudes que devam ser elogiadas e outras que devem servir de alerta possam se encontrar vivas na memória dos jovens que com o volume de informações e transformações sociais estão de certa forma o referencial pois hoje são o que o consumismo quer.
            Outra questão que faz historiador pelo menos para Hobsbawm é a de que:

Para os historiadores de minha geração e origem o passado é indestrutível, não apenas porque pertencemos à geração em que ruas e logradouros públicos ainda tinham nomes de homens e acontecimentos públicos (a estação Wilson na Praga de antes da guerra, a estação de metro Stalingrado em Paris), em que os tratados de paz ainda eram assinados e portanto tinham de ser identificados (Tratado de Versalhes) e os memoriais de guerra lembravam acontecimentos passados, como também porque os acontecimentos públicos são parte da textura de nossas vidas. Eles não são apenas marcos em nossas vidas privadas, mas aquilo que formou nossas vidas, tanto privadas como públicas.[6]

             Os chamados espaços de memória “chamam” e os momentos de um historicidade mais presente, sem cair em um priorização de passados, mas de afirmar que o se encontrar em meio a acontecimentos tão fortes e como diz o historiador, tão público leva os jovens a ter uma história mais latente de forma conduzir pessoas a o fazer história em todos os sentido.
            O que nos faz historiadores é de inicio a curiosidade não por picuinhas cotidianas, mas pelo desejo de se encontra neste mundo e exercita a sensibilidade de perceber  a brisa passar e arrepiar-se, assim como não vemos o passado, mas o sentimos e nos emocionamos com ele.    


* Aluno do curso de Ensino em História da Faculdade Farias Brito e graduado em história pela Universidade Estadual Vale do Acarau –UVA
[1] ARISTÓTELES. "Poética". In: Os Pensadores. Trad. Eudoro de Souza. T. IV., São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 443-471. In: Mendonça Carlos Vinícius Costa, Alves de Gabriela Santos Alves, Os Desafios Teóricos da História e a Literatura.  Texto disponível em: http://www.anpuh.uepg.br/historia-hoje/vol1n2/historialiterat.htm
[2] Silva Rogério Forastieri da. História da historiografia: capítulos para uma história das histórias da historiografia. Bauru –SP: EDUSC, 2001, p 47 
[3] Mendonça Carlos Vinícius Costa, Alves de Gabriela Santos Alves, Os Desafios Teóricos da História e a Literatura.  Texto disponível em: http://www.anpuh.uepg.br/historia-hoje/vol1n2/historialiterat.htm
[4] Febvre,Lucien. Combates pela história. Lisboa, presença, 1998.p 28
[5] HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos, o breve século XX – 1914-1991. São Paulo, Companhia das Letras, 1996.
[6] ibid

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